terça-feira, 1 de abril de 2014

Gorillaz - Uma banda antes do seu tempo

Mais uma semana, mais um texto. Esta semana é direccionada para algo mais pessoal. Assim, pretendo dar a conhecer uma das minhas bandas preferidas, os Gorillaz. Todos temos umas bandas que adoraríamos ver, para os sortudos repetir, mais do que qualquer outra. Aquelas às quais recorremos nas mais variadas situações. Para mim, os Gorillaz são sem dúvida uma dessas bandas.
                Mas quem são estes seres animados que tão boa música produzem? Na verdade os Gorillaz são Damon Albarn (esse mesmo, dos Blur) e o desenhador Jamie Hewlett. Juntos, estes dois britânicos criaram algo nunca antes feito e muitas poucas vezes tentado depois. O primeiro encontro deu-se em 1990, quando Jamie foi convidado a entrevistar os Blur, mas foi em 1997 que tudo se conjugou. Damon e Jamie começam por dividir um apartamento em Londres e tiveram a ideia de criar os Gorillaz por causa da MTV. Considerando-a sem substância a banda criada seria para responder a esse problema. Foi o nascimento de Stuart “D2” Pot, Russel Hobbs, Murdoc Niccals e a “pequena” Noodle que sempre se mantiveram ao longo das chamadas “fases” dos Gorillaz.
Da esquerda para a direita: Russel, Murdoc, Stuart e Noodles
     É impossível desligar a história destas personagens da banda em si, tendo inclusive uma autobiografia publicada, Rise Of The Ogre. Murdoc, o baixista, o mais velho que se torna o criador da banda após uma série de “acidentes”. Stuart, o vocalista de cabelo azul (que tem a voz de Damon), que é recrutado por Murdoc após este o atropelar e deixar em coma. Russel, o baterista, que era um pequeno génio até ser possuído por demónios. Mais tarde raptado por Murdoc e forçado a tocar bateria. E por fim, Noodles, a misteriosa guitarrista que apareceu à porta de Murdoc dentro de uma caixa da FedEx. Retomando a realidade.
                Para o primeiro EP, Tomorrow Comes Today, Damon e Jamie recrutam dois nomes sonantes do hip-hop americano, Del The Funky Homosapien e Dan The Automator. Em 2000 é lançado então o EP que inclui singles tão reconhecidos como”Tommorow Comes Today” e “Rock The House”. Um anos depois, vem o primeiro álbum, auto-intitulado, que juntaria “19-2000” e “Clint Eastwood” aos reconhecidos singles ditos anteriormente. Entre b-sides e remisturas a primeira fase termina com o DVD “Celebrity Take Down” que inclui vídeos nunca antes mostrados e documentários.
                A segunda fase tem inicio em 2004 com o lançamento do single “Feel Good Inc.” e do consequente álbum Demon Days (pessoalmente, um dos melhores álbuns de sempre e o favorito), produzido por Danger Mouse. O disco valeu-lhes nomeações para os Grammys, Brit Awards e European Music Awards. Curiosamente foi no seguimento do mesmo que os Gorillaz deram das suas atuações mais populares. Introduzindo hologramas, pasmaram quem os assistiu nos Grammys e aqui mesmo, em Lisboa, na cerimónia dos EMA. Destaca-se ainda as músicas Demon Days, El Mañana e DARE. A fase termina com dois DVD, um primeiro de compilação chamado “Slowboat to Hades” e um segundo com o documentário Bananaz que demonstra os sete anos de existência da banda, ambos lançados em 2007
                Por último a fase três, tem início em 2008 e resulta nos dois últimos discos, “Plastic Beach” e “The Fall”. Plastic Beach é o disco com mais colaborações e conta com nomes tão distintos como Mos Def, Snoop Dogg ou Lou Reed. Com singles como “Stylo” e "On Melancholy Hill” a juntar-se à discografia, havia mais que material para a primeira e única tour mundial da banda que os levou aos festivais Roskilde, Glastonbury, Coachella e até a um concerto na Síria.
The Fall, talvez pela pouca distância desde o seu antecessor foi o álbum menos conseguido e foi seguido poucos meses depois pela primeira coletânea de singles da banda, tudo em 2011. Em 2012, entre outras causas devido a projectos próprios tanto de Damon como de Jamie, é anunciado um hiato indefinido que ainda hoje se mantém.
                É difícil descrever a música de Gorillaz face às constantes colaborações e influências mas é garantido que aquilo que começou como um interessante projecto resultou em algo inédito que dificilmente pode ser repetido.

                Aos textos costumam terminar com sugestões de músicas, mas como todas as músicas referenciadas vêm com link, deixo a sugestão de tentar conhecer a história da banda animada e as suas personagens. Dentro deste texto não me foi possível desenvolve-la ao máximo naquilo que será certamente a maior influência na música dos Gorillaz.


Gonçalo Matos

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