quinta-feira, 26 de junho de 2014

Glastonbury - Mais que um festival

Glastonbury. Para muitos um perfeito desconhecido, para outros tantos o maior festival do mundo com assistências que chegam aos 150 mil espectadores e bilhetes a esgotar em horas. Um festival não só musical mas também apoiante de causas sociais, com doações do lucro à caridade desde o início. Mas como é que tudo isto começou?
                O festival, ainda com o nome de feira, começa a 19 de Setembro de 1970 (um dia após a morte de Jimmy Hendrix) em Worthy Farm, Somerset, propriedade de Michael Eavis. Com uma assistência de 1500 pessoas, a entrada custava 1 libra e incluía leite produzido na quinta. No ano seguinte seria introduzido pela primeira vez o mítico Pyramid Stage e por lá tocaria um cantor mais tarde reconhecido, David Bowie. Nada mau para uma entrada gratuita.
                Em 1972 começa o interregno que duraria até 1978, o ano do festival espontâneo. Organizado por viajantes que passavam por somerset, não teve cabeça de cartaz e uma audiência de apenas 500 pessoas. No ano seguinte, Michael Eavis, pediu um empréstimo bancário e conseguiu levar Peter Gabriel à feira. Contudo, a mesma foi um fracasso e apenas retornaria em 1981.
                Em 1982 começa a estabilização de Glastonbury, sem mais prejuízos e grandes períodos de interregnos. É montado um Pyramid Stage permanente e os New Order são convidados para cabeça de cartaz do primeiro Glastonbury Festival. Em 1985, Worthy Farm prova ser demasiado pequena para albergar o festival e a quinta do lado, Cockmill, é adquirida.
Aquando os festejos de 20 anos do festival, Glastonbury passa para o nome pelo qual é hoje conhecido, Glastonbury Festival of Contemporary Performing Arts. De referir também que em 1992 o festival começou a doar também para a Greenpeace e apenas em 1994 foi televisionado.
                Desde então Glastonbury afirmou-se como um dos maiores e mais importantes festivais a nível mundial, com cartazes imbatíveis e palcos secundários que deixariam muitos festivais envergonhados. Os deste ano são Arcade Fire( dia 27), Metallica (dia 28) e Kasabian (dia 29).
Segue em baixo uma lista com alguns nomes que já foram cabeça de cartaz ou passaram por Glastonbury noutras edições, a maioria por mais que uma vez:

Van Morrison|Elvis Costello|The Cure|Jay-Z| Muse|U2|Rolling Stones|Coldplay|Manic Street Preachers|The Prodigy|Radiohead|Foo Fighters|Blur|Blondie|Chemical Brothers|The White Stripes|Oasis|Arctic Monkeys|Mumford & Son’s|R.E.M|Kings Of Leon|Neil Young|Bruce Springsteen|Bob Dylan


E por fim, o bónus: http://www.glastonburyfestivals.co.uk/line-up/line-up-2014/



Gonçalo Matos


terça-feira, 10 de junho de 2014

Limp Bizkit

Uns velhinhos estes Limp Bizkit, esta banda de Jacksonville, Flórida, nos Estados Unidos da América, um diminutivo irónico claro porque não aparentam nada disso, continuam com o mesmo andamento que tinham quando começaram. Limp Bizkit, banda originada numa onda musical a qual se pode chamar nu-metal (Deftones, KoRn, até Linkin Park podem ser equiparadas aos Limp Bizkit).
A base desta banda consiste no icónico vocalista, Fred Durst (tatuador, antes de vocalista dos Limp Bizkit), Wes Borland, igualmente icónico, apresenta-se sempre em concerto com indumentárias extravagantes, até mesmo sombrias, temos também Sam Rivers, o baixista, John Otto, como baterista e DJ Lethal, sendo o nome auto explanatório.
 Em 1995, aquando de um concerto em Jacksonville, terra natal da banda, Fred Durst falou com os membros dos KoRn, entregando lhes uma demo (ainda sem Wes Borland) ao que os KoRn disseram que não era nada de especial, uma segunda demo foi gravada, agora com Borland, e entregue aos KoRn, desta vez ficariam impressionados. Esta demo tinha faixas como “Counterfeit”, “Stuck” e "Pollution”, que tiveram presença no primeiro álbum dos Limp Bizkit, Three Dollar Bill, Yall $. Pouco tempo depois, já se encontravam em tour com grandes bandas como House of Pain e Deftones.
 Pode-se dizer que cada álbum foi um tiro certeiro, desde o primeiro, Three Dollar Bill, Yall $, passando por Chocolate Starfish and the Hot Dog Flavore Water, a Results May Vary, a um álbum quase sem propaganda por parte da banda, de nome The Unquestionable Truth, passando para um mais recente Gold Cobra, e um álbum que ainda não saiu, mas que todos os fãs aguardam inquietamente, chamado Stampede of the Disco Elephants.
 Como singles a ouvir, apontaria se calhar, para uns menos óbvios, menos conhecidos, como Rearranged , Build a Bridge, Get a Life e a N Together Now, com participação de Method Man.
 De salvar a mixtura entre hiphop e um rock sujo, e ao estilo muito “MC” de Fred Durst, dou boa palavra para os seus concertos ao vivo, mas cuidado, só vão ter um show se Fred Durst não estiver chateado, visto que Durst é bastante temperamental!

Francisco Andrade


quinta-feira, 5 de junho de 2014

Kendrick Lamar - The Good Kid in The Maad City

Kendrick Lamar Duckworth é um ainda jovem rapper, que representa uma nova geração de rappers que integra nomes como: ASAP RockyDanny BrownSchoolboy Q e que têm marcado um novo movimento na história do Hip Hop norte-americano.

Hoje com 26 anos, Kendrick Lamar nasceu em Compton, um subúrbio de Los Angeles, e um dos bairros com maior taxa de criminalidade e desemprego, de onde são também originários os rappers Dr Dre e The Game. Foi em Compton que o rapaz viu o seu tio ser abatido a tiro num tiroteio, e os seus primos irem parar à prisão pelas mais diversas razões. Com uma adolescência marcada por episódios de violência, alcoolismo e criminalidade, Kendrick Lamar conseguiu transportar toda a sua vivência e todos esses episódios para rimas e versos que desmontam a realidade dos subúrbios e dos bairros norte-americanos onde o hip hop e a criminalidade são uma constante.


Com oito anos de idade, Kendrick teve o privilégio de assistir às filmagens do videoclip de “California Love”, tema musical interpretado por Dr.Dre e Tupac. O mesmo Tupac que é apontado por Kendrick Lamar como a sua maior influência no mundo da música, e Dr. Dre que após escutar uma das suas várias mixtapes, não hesitou em assinar com ele um contrato e produzir o seu segundo disco.

Em “Good Kid, m.A.A.d City”, segundo álbum lançado em 2012 e aquele que o lança para a ribalta, o jovem rapper traça um retrato da sua adolescência e mostra que existem dois caminhos dentro da vida nos subúrbios americanos: a criminalidade e a violência dos gangues; ou o romper com tudo isso. Kendrick não foi o primeiro rapper a revelar e mostrar essa realidade marcada por violência e criminalidade, mas foi dos primeiros a conseguir chamar a atenção da imprensa e da rádio e construir através disso um universo de fãs. Por tudo isto, o seu primeiro disco é considerado pelo próprio como um autorretrato.

Com as melhores pontuações por parte dos principais órgãos de comunicação ligados à música, o disco conta com várias colaborações como: Drake, Jay Rock, o próprio Dr.Dre, entre outros. E também a lista de produtores é imensa com nomes como Pharrel Williams, Just Blaze, Hit-Boy, SoundwaveThe Recipe”"Swimming Pools (Drank)", “BackseatFreestyle”, “Poetic Justice” e “Bitch, Don’t Kill My Vibe são os singles retirados do álbum. Mas nem por isso temas como: “The Art of Peer Pressure”, “Money Trees”, “m.A.A.d city” ou “Real” merecem ser descartados de ser ouvidos, não fosse o álbum ter vendido 241 mil cópias nos EUA na sua primeira semana.

Capa do disco "Good Kid, m.A.A.d City"

Fazendo parte do coletivo Black Hippy, de onde fazem parte nomes como: Ab-Soul, Jay Rock, Schoolboy Q, é na sua carreira a solo que centra as suas atenções e de onde atrai também as de atenções de nomes como Kanye West ou Drake, que o convidaram para integrar as suas digressões.

Com um número elevado de público conquistado no seu país, e com concertos dado em vários países da Europa, Kendrick Lamar atua esta noite no festival portuense NOS Primavera Sound, e é sobre ele que estão viradas todas as atenções. Por se estrear em Portugal e por integrar o cartaz de um festival tão alternativo. E por ser de facto um dos nomes mais fortes do hip hop norte-americano atual, que através do seu estilo musical, da sua voz e da sua lírica seja capaz de mostrar que o hip hop, puro e duro dos subúrbios ainda consegue sobressair e conquistar os mais diversos ouvintes. 

Texto de João Fernandes

quarta-feira, 28 de maio de 2014

UHF: Soltem o Rock Português, soltem os Cavalos de Corrida!


Num país agarrado à liberdade recentemente adquirida, assim como às cantigas da revolução, surge em Almada um grupo que viria a mudar o rumo da música em Portugal nos anos 80 que ficou conhecido por “Boom do Rock Português”. Hoje, uma lenda nacional, apresento-vos os UHF!
Começaram nos anos 70, numa altura em que o Punk conquistava a Inglaterra depois da febre dos Beatles, Led Zeppelin ou The Who, mas em Portugal, pouco de Rock se falava, mas ansiava-se por algo novo tanto política, social e culturalmente. António Manuel Ribeiro(voz e guitarra), Renato Gomes(guitarra), Carlos Peres(baixo) e Américo Manuel(bateria) constituem a primeira de várias formações dos UHF. Mas é esta a formação que lança o EP “O Jorge Morreu”, que apesar de não ter tido muito sucesso comercial, faz a banda correr o país inteiro de uma ponta a outra e tornar quase que um hino nacional um tema original que não tinha sido editado em estúdio, “Cavalos de Corrida” é um autêntica febre a nível nacional, chegando a ser tocada três vezes a pedido do público em vários concertos.
Os UHF não são só “Cavalos de Corrida”, após terem assinado contrato com a EMI – Valentim de Carvalho, temas como “Rua do Carmo”, “Rapaz Caleidoscópio” ou “Geraldine”. Em 1982, editam “Estou de Passagem” e abandonam a editora Valentim de Carvalho, confiantes que teriam sucesso mesmo estando numa editora de muito menor dimensão, porém a banda arrepende-se mais tarde desta arriscada decisão, sendo um total fracasso.
A vida de estrada e digressões, manteve no entanto os UHF continuam na ribalta e o vocalista António Manuel Ribeiro é visto como um Estrela Rock nacional e é visto por alguns como o Jim Morrison português.
Posteriormente, nos anos 90, lançam um grande tema. “Sarajevo”, uma canção escrita contra a guerra e acontecimentos terríveis que ocorreram nos territórios da antiga Jugoslávia, criticando fortemente as acções de violência e ódio étnico que tanto se fez notar neste conflito.
Vários são os temas desta grande banda portuguesa que iniciou em Portugal algo que não existia, e temas como “Na Tua Cama”, “Matas-me Com o Teu Olhar” ou “Puseste o Diabo em Mim” são alguns dos muitos desta banda que foi a primeira a provar que neste nosso Portugal à beira-mar plantado também se faz Rock&Roll!

Bernardo Mascarenhas

terça-feira, 27 de maio de 2014

Drenge - Os The Black Keys de Derbyshire

As razões que me levam a apresentar esta banda são três: em primeiro lugar porque foram recentemente confirmados na edição deste ano, do ainda Optimus Alive, sendo uma das várias estreias que o festival lisboeta nos irá proporcionar em Julho. Em segundo lugar, porque são uma banda que curiosamente, descobri através de um comentário visualizado no youtube num vídeo de uma atuação dos Royal Blood, banda que já aqui foi apresentada anteriormente. E por último, porque sigo com grande interesse e entusiasmo a cultura musical produzida no Reino Unido, em especial em Inglaterra onde cada vez mais surgem projetos interessantes capazes de fazer frente à indústria musical americana.

Justificações feitas, passo agora a falar-vos dos Drenge. Pois bem surgiram em 2011, e são eles dois irmãos britânicos naturais de Castleton, uma pequena vila pertencente ao distrito de High Peak que integra o condado de Derbyshire, Inglaterra. Eoin Loveless, Rory Loveless, guitarrista/vocalista e baterista respetivamente.



Em Inglaterra, os dois irmãos são conhecidos como os The Black Keys de Derbyshire
Sendo um duo que consiste apenas na guitarra e na bateria e sendo eles apelidados no meio musical como os The Blacks Keys de Derbyshire, é inegável que ao ouvirmos esta banda nos irá imediatamente soar aos já míticos The White Stripes e aos referidos The Black Keys. Talvez por esta razão este novo duo tenha como estilo musical o blues rock e o garage rock, havendo no entanto quem os classifique como uma banda de grunge/post grunge e punk rock.

O nome da banda, Drenge tem um significado interessante uma vez que surgiu do interesse dos dois irmãos pela Dinamarca em especial pelo movimento cinematográfico Dogma 95, originário deste país. Curiosamente, Drenge em linguagem dinamarquesa significa no idioma britânico boys, daí a razão para a escolha do nome por parte do grupo.

Este duo de irmãos, andou em digressão durante o ano de 2013 com os Peace, banda que se estreou em Portugal no último verão no festival Paredes de Coura e com o também duo californiano, Deap Vally abrindo os seus concertos. Tendo também aberto os concertos da banda The Cribs na Brixton Academy em Londres. Também as estreias em festivais aconteceram, neste caso no mítico Glastonbury onde deram um concerto que levou o público à loucura.

À semelhança dos também ingleses Alt-J e dos australianos Temper Trap editaram o seu primeiro disco: “Drenge” pela editora independente Infectious a 19 de Agosto de 2013. Tendo recebido críticas positivas por parte dos principais meios de comunicação ligados ao panorama musical, as revistas Clash e NME, classificaram-nos ambas com nota 8 em 10, também o britânico The Guardian o classificou com quatro estrelas.

Do álbum fazem partem doze faixas, que na sua maioria se classificam por fortes riffs de guitarra de Eoin Loveless e sempre com um tipo de letras bastante ligado à raiva e frustrações de um geração ainda jovem, em especial em temas como o amor. O The Guardian na review que fez ao disco refere que a banda aplica nas suas letras e títulos de músicas, temas e assuntos considerados de certa forma bizarros e um pouco violentos, sugerindo as músicas: “Dogmeat”, “Bloodsports” e “Gun Crazy”.
Seguindo um ritmo acelerado em todo o disco e uma lógica profundamente rock n’roll dura e crua, isso quebra-se nas duas últimas faixas: “Let’s Pretend e “Fuckabout” , onde a banda se apresenta numa realidade mais suave e intimista.
Este é sem dúvida um disco que merece ser escutado do início ao fim para conhecer em profundidade a realidade dos Drenge.

Os  Drenge escolheram como cenário para a capa do seu álbum, o Cemitério de Wardsend em Sheffield

Com presença garantida na edição deste ano do Optimus Alive, os dois irmãos irão tocar também no festival espanhol Benicassim seguindo depois por um digressão pelos EUA, regressando findalmente a Inglaterra para integrar o cartaz do Festival de Reading e Leeds.
Com o fim dos The White Stripes e com o crescimento dos The Black Keys, é cada vez mais evidente a ascensão de duplas que difundam e levem o garage e o blues rock ao lugar onde estes merecem estar.



João Fernandes

sexta-feira, 23 de maio de 2014

SirAiva

Esta semana trago-vos o novo artista sensação, SirAiva. Muitos podem pensar que SirAiva nasceu agora para a música, mas se esse é o vosso caso nem sabem o erro que estão a cometer!
Pedro Saraiva é músico, artista, produtor e reside na cidade do Porto. Desde muito novo que mostrou o seu interesse na música, dando o seu primeiro concerto ao vivo aos 14 anos com os "Culto da Ira". Contudo Saraiva apenas começa a sua primeira banda “a sério” (na qual é o vocalista e guitarrista) em 1986, os X-Position.
Mais tarde com os D.R.Sax, Saraiva grava e produz o seu primeiro álbum,“0670”, em Londres, em 1994. Este álbum dá origem ao primeiro grande êxito “Eu não meesqueci”, de tal forma estrondoso dando origem a uma grande exposição através das rádios, televisão e uma tour pelo país. Posteriormente em 1997, Saraiva volta com o segundo álbum de D.R.Sax - “Homem Objecto”. Finalmente em 2006, Saraiva fecha a era D.R.Sax com a compilação “10 Anos Depois”. 
No ano de 2010, lança o EP "Angel in Black" como DJ Pedro Saraiva. E no ano seguinte foi convidado a trabalhar com o DJ Rich formando Rich&Saraiva e lançam o single "If Love is always in the air". Portanto como podem ver Pedro é tudo menos inexperiente nestas andanças.
SirAiva é o retorno ao estilo disco e funk, é um regresso ao passado mas com um toque de modernidade difícil de encontrar. Para além das músicas acima citadas é absolutamente obrigatória a audição da música que o colocou no mapa em Portugal: “Brinca na Barriga”. Para esta faixa foi buscar o genial Pacman, ex-Da Weasel, que se enquadra na perfeição tanto na música como no videoclip.
Sobre Pacman é importante dizer que no mesmo ano (e com muito pouco tempo de diferença) consegue fazer parte dois projectos totalmente opostos (5-30 e SirAiva) atingindo em ambos o sucesso e vendo o seu trabalho sempre altamente elogiado. Quando ao talento se junta carisma e laivos de genialidade tudo se torna mais fácil.
Mas voltando à música do momento, em poucos dias o videoclip atingiu perto de 75 mil visualizações e tornou-se completamente viral através das redes sociais, o que demonstra bem o quão viciante se tornou para todos nós. Eu estou tão viciado que não passo um único dia sem a ouvir pelo menos umas cinco vezes!

Está prometido um álbum muito breve e por isso resta-nos esperar para constatar se SirAiva (que fantástico nome artístico meu Deus!) veio, ou não, para ficar! 


Bruno Neves


quinta-feira, 22 de maio de 2014

Ghost Stories - Uns Coldplay melancólicos

Muito separa Coldplay actual do que aquele que passou por Paredes de Coura em 2000. Dificilmente quem gostou de Parachutes, A Rush Of Blood To The Head ou mesmo X & Y vai gostar de Ghost Stories mas a vida continua e sem dúvida que os Coldplay também. Ghost Stories continua o afastamento do rock de Shiver, Politik ou God Put A Smile Upon Your Face ao mesmo tempo que se afasta (e MUITO) do animado Mylo Xyloto.
Reconhecendo que a fase rock está mais que enterrada, Ghost Stories sofre de um problema transversal a todo o álbum, salvo saudosas excepções, Midnight e Ghost Stories (disponível apenas na versão Deluxe), que se apresenta também como um imenso risco. É inteiramente dedicado à perda de um amor, seja na letra ou na melodia que a acompanha, todas as músicas remetem para uma perda inesperada e recordações amorosas. É impossível não fazer a ligação entre o disco e o recente divórcio do vocalista Chris Martin com a actriz Gwyneth Paltrow.
                Outra questão interessante, e que apenas poderá ser respondida aquando uma digressão será o espetáculo ao vivo. Aquela que foi para muitos a melhor banda ao vivo durante o tempo da digressão de Mylo Xyloto terá de puxar pelos galões para conseguir semelhante proeza com Ghost Stories. Com um disco melancólico na bagagem, dependeram os concertos dos clássicos ou assistiremos a uma nova surpresa?
Seja como for, e esperando como fã que este álbum seja apenas uma transição para algo melhor, existem músicas que têm toda a capacidade para se tornarem clássicos como Ink ou A Sky Full Of Stars.

Tal como em tudo, haverá quem ache este álbum bom e quem ache o álbum mau, principalmente os menos adeptos de música lamecha (no bom sentido do termo). Contudo, faltando um cabeça de cartaz para o Optimus Alive e, caso seja Coldplay, será principalmente os clássicos ou a curiosidade de como este álbum é apresentado que guiará as pessoas ao concerto.

Gonçalo Matos