quinta-feira, 17 de abril de 2014

Chet Faker - O contra Australiano

O texto desta semana vai para aquele que, apesar de ainda ser bastante desconhecido, não deixa de ser um dos mais intrigantes e aguardados da edição deste ano do Optimus Alive. Isso mesmo, Chet Faker.
                Nicholas James Murphy, Chet Faker em palco, é um compositor australiano de música eletrónica. O nome de palco, adoptou quando as pessoas julgavam-no por outro Nicholas Murphy também ele artista mas com um estilo completamente diferente. Assim, em tributo ao grande trompetista de jazz Chet Baker, de quem é fã, escolheu Chet Faker.
                Começou por ganhar notoriedade em 2011 com uma cover de No Diggity, da banda de R&B Blackstreet’s. Contudo, foi nos dois anos seguintes que consolidou o seu reconhecimento, colaborando com The Temper Trap e Flume. Este último acabou por, com o seu álbum de estúdio, não só tornar-se um nome a ter em conta na indústria como transformar todos os envolvidos em potenciais estrelas. É aí que entra Chet Faker, que tem uma colaboração maciça no mesmo.
                Todos se questionaram quem era esta voz portentosa e cheia de soul que pautava o ritmo em Drop the game. À medida que o álbum de Flume se tornava num dos melhores do ano, na cena electrónica, a questão ia-se tornando mais relevante. Já depois de anunciada uma extensa tour, onde se inclui Portugal, e do primeiro single Talk is Cheap, saí finalmente o tão esperado álbum. Mas quem é Chet Faker mesmo?
                Caracterizar Chet Faker implica esquecermos um bocado a noção de electrónica que temos. Em Built on Glass, não existem batidas ou ritmos violentos para não “quebrar” o ambiente. Em ritmo quase chillout, apoiado por inúmeros instrumentos, destaca-se o piano e os de sopro (Chet Baker lembram-se?), e a sua voz calma (e que voz…) Chet vai percorrendo tranquilamente o seu caminho até / que divide o álbum (que pormenor delicioso nomear uma música /). Quando ouço esta primeira parte do álbum não posso deixar de recordar o primeiro de Woodkid, sem a opulência instrumental claro. A partir daí, Chet parece abandonar a sua nativa Austrália. O álbum transforma-se em algo mais “citadino”. Os ritmos calmos aceleram, apesar de continuar centrado na voz, mas transforma-se em algo como R&B electrónico. Não é qualquer crítica negativa, bem pelo contrário. É desta parte do álbum que vem aquela que provavelmente é a melhor música Cigarettes &Loneliness (muitas vezes comparada a algo que Alt-J faria). Para terminar o disco, um solo de guitarra em Dead Body simplesmente porque sim (mais um pormenor).
                Pode ser necessária mais do que uma audição para gostar do álbum, e pode acontecer que quem ache piada à primeira parte não goste tanto da segunda (ou vice-versa) mas vão sempre reparar em pormenores em ambas as partes. É a mais valia deste álbum, tudo se articula com perfeição suficiente para se puder incluir pequenas coisas que de outra forma passariam ao lado (ouça-se a trompete em background de Talk is Cheap ou o “tic tic” em Melt). O resto é para descobrir!
                Talvez seja uma abordagem diferente mas ir contra o sistema nem sempre é mau. Para Chet eletrónica é um meio e não o fim. E estamos todos ansiosos por descobrir como isso funciona ao vivo no último dia do Optimus Alive!

Sugestões (para além das músicas referenciadas que incluem um link direcionadas para as mesmas):




Gonçalo Matos




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