quinta-feira, 15 de maio de 2014

King Krule - O miúdo salvo pela música

Cada vez mais se considera Inglaterra, como um país em constante divulgação de jovens músicos, que depressa se tornam verdadeiros ícones da nova música britânica.

Archy Marshall, de nome artístico King Krule é um jovem natural de Londres que tem agitado a imprensa britânica, sendo apresentado como um dos novos talentos do Reino Unido.
Em 2010 e com apenas dezasseis anos sob o nome de Zoo Kid, lançou o seu primeiro single: “Out Getting Ribs”, que apanhou toda a gente desprevenida, e questionou como poderia um miúdo com aquela idade socorrer-se de uma guitarra e ter a capacidade de interpretar versos tão pessoais e intimistas, que nos levam a viajar num universo melancólico. Não tendo tido uma infância fácil, que ficou marcada pela sua expulsão da escola aos doze anos e pela pressão feita pelos seus pais que eram frequentemente ameaçados pelos serviços sociais por negligência. Archy encontrou como solução a escrita e a interpretação de temas musicais que de certa forma o caraterizavam e fizeram com que se libertasse da depressão e da raiva que sentia por tudo o que o rodeava.

Um ano depois (2011) e já sob o nome de King Krule lança o seu primeiro EP: “King Krule EP” onde podemos destacar The Noose of Jah City” e "Portrait in Black and Blue" como principais faixas a ser reproduzidas.
Em 2012 lança o single: “Rock Bottom”, que mais uma vez nos demonstra, o forte sentimento que o rapaz emprega no uso das palavras, apresentando-nos uma vez mais, uma letra emotiva, reflexo da infância nada fácil pela qual passou. Com o lançamento deste single podemos ainda escutar a música Octopus”, lado b do referido single. Nesse mesmo ano, destaque ainda para a estreia de King Krule em Portugal, desta feita na cidade do Porto na segunda edição do festival de inverno, Mexefest, onde deu um dos concertos mais aplaudidos do festival.

Mas é em 2013 e após integrar a lista da "BBC Sound of 2013" (uma lista que divulga os artistas promissores para o novo ano) que o ainda miúdo lança o seu primeiro álbum de estúdio. A 24 de Agosto e no dia do seu décimo nono aniversário “6 Feet Beneath The Moon”, chega às lojas com o selo da XL Recordings, editora que já lançou trabalhos de artistas como Adele, The White Stripes, The Prodigy, The XX, entre muitos outros.
Bastante apreciado pela crítica, A Time Out Londrina classificou-o com cinco estrelas, a revista americana Pitchfork deu-lhe uma classificação de 7.3 em 10 e a britância NME atribuiu-lhe um 8 como nota de avaliação.

Com um estilo sonoro, que oscila entre o indie, o funk ou o jazz, não é fácil definir o género musical praticado por Archy, muitos dizem que é o darkwave, devido ao seu estilo meio depressivo e sombrio. Agora é certo que o jazz é a grande influência do jovem e é daí que parte a sua inspiração, para outros géneros como o post-punk ou o hip hop.
Neste seu primeiro disco, King Krule integra canções que foram lançadas em EP’s anteriores e ainda sob o nome de Zoo Kid, mas nos novos temas permanece a sua voz rouca e forte e o estilo apático das letras, que o próprio classifica como um sentimento importante. Também a raiva e mágoa empregues na sua música o caraterizam, não tivesse ele dito à revista Pitchfork, que para si o importante era “pôr os sentimentos certos nas palavras certas”. Como faixas a destacar, a inicial “EasyEasy”, “Baby Blue”, “A Lizard State”, “Will I Come” “Ocean Bed”, “NeptuneEstate”, “Out Getting Ribs ou a fantástica “Little Wildapenas disponível na edição do álbum, japonesa.

Lançamento do seu álbum de estreia: "6 Feet Beneath The Moon"

Em palco King Krule faz-se acompanhar pela sua guitarra e os seus efeitos sintéticos, outra guitarra, e um baixo e uma bateria jazzy que dão o toque de jazz e hip hop à música interpretada por este jovem promissor artista. Que aos dezanove anos lançou o seu primeiro disco, disco esse que consegue ser uma obra-prima e um retrato do passado e do mundo que gira à volta de Archy Marshall e da sua cinzenta e escura rotina londrina.




 Texto de João Fernandes

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