Todos nós, a certa altura da
nossa vida, nos propomos a um desafio que tem muitos mais riscos que
benefícios. O texto desta semana vai ao encontro disso, com a notícia esta
semana que haveria a possibilidade de virem cá decidi retomar a ideia deste
texto. Assim, o texto desta semana é dedicado aos The Rolling Stones! Uma banda que mesmo para quem não aprecia todos conhecemos pelo menos uma música. Contudo,
que dizer de uma banda que cada membro daria para um texto por mérito próprio?
Uma banda que está indiscutivelmente em qualquer discussão sobre a melhor banda
de sempre? Uma banda que ajudou a reformular os Blues e o Rock? Ufff... Talvez começando
do início…
Os Rolling Stones foram formados
em 1962, baseados num reencontro entre Keith Richards e Mick Jagger, amigos de
infância até o último se mudar. Antes dos Rolling Stones, conjuntamente com Dick Taylor, Alan
Etherington e Bob Beckwith, já haviam formado os Blue Boys. Em Março do mesmo
ano participam num concurso de Jazz onde se encontram com a banda Blues
Incorporated, que era composta por muito do que seria a banda. Pouco
depois Jagger, Richards e Taylor juntam-se a Brian Jones e Ian Stewart (Charlie Woods juntar-se-ia em 1963), que
haviam conhecido no concurso e acompanhado nos Chicago Blues (outra banda pré-stones), formando assim a
base original dos Rolling Stones. Curiosamente a origem do nome é igual à da
revista com o mesmo nome, que surgiu pela mesma altura. Ambas provêm da música
“Rollin' Stone” de Muddy Waters.
Com os
primeiros concertos, onde tocavam Chicago Blues e covers, veio o reconhecimento
e o primeiro agente. Andrew Oldham, curiosamente mais novo que qualquer membro
da banda, foi o agente recomendado pelos clientes anteriores, nada mais nada
menos que os Beatles! Entre as várias alterações, centrou a imagem dos Rolling
Stones numa antítese dos Beatles e afastou Ian Stewart dos holofotes, apesar de
se ter mantido como manager de digressão e pianista até à sua morte.
Apesar
dos concertos e primeiros álbuns serem constituídos largamente por covers com
algumas músicas de Jagger e Richards a apoiar, em 1964 arrancam com a sua
primeira tour pelos E.U.A, que se revelaria desastrosa. Valeu pela
possibilidade de gravar em Chicago e conhecer pessoalmente muitas das
influências, incluindo Muddy Waters.
O ano
de 1965 mostrar-se-ia muito melhor e o início da carreira como a conhecemos,
mundial. Lançam dois LP, The Rolling Stones No.2 e Out Of Our Heads, e singles
como “Satisfaction” e “Get out of my Cloud” que atingem o nº1 dos tops
americanos e ingleses. Isto levaria ao abandono das covers e em 1966
estreiam-se com o primeiro álbum escrito inteiramente por Jagger e Richards, Aftermath,
que inclui “Paint it, Black” e “Under My Thumb”.
Com a
década de 60 a acabar os problemas começaram a surgir. Apesar do lançamento de
músicas como “Jumpin’ Jack Flash” e “Sympathy for the Devil”, relatos de
incidentes com drogas chegam às primeiras páginas e Richards, Jagger e Jones
acabam presos. A juntar a isso a troca de Oldham por Allen Klein como agente e em
Julho de 1969 a trágica morte de Brian Jones, que seria substituído por Mick
Taylor. Nesse mesmo ano lançam o álbum Let it Bleed que incluía “Gimme Shelter”
e “You can’t always get what you want”.
A década de 70 trazia novamente mudanças.
Acabam o contracto com Klein e começam a sua própria editora, a Rolling Stones
Records. Para capa do primeiro álbum da editora pedem ajuda a Andy Warhol,
surgindo aí o mundialmente reconhecido logo da língua de fora.
O álbum, Sticky
Fingers, incluía entre outras a famosíssima “Brown Sugar”. Lançariam ainda na
primeira metade da década um dos seus mais famosos álbuns, Exile on the main
street, singles como “Angie” e veriam Mick Taylor abandonar após 5 anos na
banda para ser substituído por Ronnie Wood. Porém, os problemas com drogas
começavam a minar a amizade de Richards e Jagger bem como a banda em sí. Apesar
de alguns sucessos como “Start me up” e uma prolongada e lucrativa digressão
pelos E.U.A, as drogas e o surgimento do punk mostravam se oponentes de peso.
Concentrado no projecto a solo, Jagger desligou-se da banda e a banda acumulou
insucessos, para aquilo que se esperava da mesma, sendo preciso esperar até
1989 com o álbum Steel Wheels para surgir novamente uma digressão. Após isto a
banda fez uma pausa e retomou a actividade com Voodoo Lounge em 1994. Após a
edição de mais 3 álbuns eram cada vez mais as tours, com a presença em palco da
banda e os hits colecionados ao longo dos anos que mantinham a chama dos
Rolling Stones viva.
Para
comemorar os 50 anos de vida, a banda lança o best of GRRR! composto por 3 cd’s,
dando um total de 50 músicas.
Foi
esta a vida, até agora, dos Rolling Stones. Baseada na excentricidade de Sir
Mick Jagger, que apesar da rebeldia foi condecorado cavaleiro pela rainha de
Inglaterra, pelo génio da guitarra que é Keith Richards apesar de todo o
historial de drogas e sem dúvida pela capacidade dos fãs de acompanhar os
Rolling Stones religiosamente ao longo destes anos todos. Para quem, como eu
nunca teve a possibilidade de os ver, as recentes noticias que dão como certa a
sua presença este verão, são ouro sobre azul.
Sugestões? Muito ficou de fora, mas todas as músicas referencidas têm link e sugiro mesmo a discografia completa ou então o best-of. Um marco na história da música no fim, deste texto, fica um misto de dever
cumprido mas que haveria muito mais para se contar.
Gonçalo Matos
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